terça-feira, 4 de novembro de 2008

. entre eu e ele .

Metemos os pés pelas mãos e nunca conseguimos falar o que deveria ser dito. 
Gastamos as palavras.
Fechamos os olhos e acreditamos na mudança.
Gastamos os sonhos.
Discutimos sobre um passado que não nos pertence.
Gastamos sentimentos.
Desaparecemos sem nos importar com o amanhã.
Gastamos tempo.

Gastamos tudo, menos o silêncio.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

. rompante .

Tem medo de se envolver e ser envolvida, não esconde toda sua insegurança e o receio de acreditar em algo que pode dar certo. Pensa que se arriscar tanto pode não valer a pena, porque desta vez o que esta em jogo é o seu coração. Seu coração está brincando de ser feliz e sua mente esta relutando, pois ela sabe que nada é tão simples assim quanto parece.  
Um turbilhão de idéias sempre surgem quando ela olha nos olhos dele e ele sempre a questiona sobre seus pensamentos, ela nunca responde, mesmo porque, nunca sabe ao certo o que pensa. De vez em quando sente uma vontade de falar muitas coisas, mas tem medo de não ser entendida, pois tudo o que fala é facilmente distorcido, ultimamente acha que tem falado mais do que deveria e esta certa de ter criado sua própria teia com perigo de sem querer ficar presa.

Tem medo do seu orgulho ser ferido por ele não achar que ela é boa o suficiente.

sábado, 13 de setembro de 2008

. eles, o quarto .

Em um dia foi ignorada pelo primeiro e sem querer encontrou o segundo perdido no bar, não foi um encontro casual, mesmo porque, desastrada que é, derrubou cerveja no mesmo. Foram algumas risadas e uma saída a francesa como quem não quer nada, rezando para não encontrá-lo tão cedo no hall dos fumantes.
No outro dia, foi atraída por um terceiro devido um composto de bebida e pura conveniência, mas o que salvou sua noite foi ter sido conquistada pelo quarto. Ele foi responsável por falar palavras sinceras mesmo sabendo que apesar de toda a vontade de ambos, nada adiantaria, pois ela já havia escolhido o caminho mais fácil, por medo, resolveu não envolver seu coração e ficou com a terceira opção. Ele a esperou e ligou na manhã seguinte mesmo sabendo que tinha sido o não escolhido da noite passada. Conseguiu roubar seu coração e hoje tenta fazer com que ela entregue-o, ela ainda resiste, com um certo charme, pois o novo, a assusta. 

Hoje ele a viu e acompanhou até sua casa. O quarto não é o mais bonito, nem o mais charmoso, mas é quem faz ela se sentir bem.


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

. disparate .

Não conseguiu retribuir duas palavras, quase cuspiu a água que bebia e sorriu esquecendo do fato que existia muita água em sua boca, logo não falou uma palavra se quer e quase babou...depois ficou remoendo seu disparate em relação a um par de olhos verdes e um sorriso que a encanta desde o encontro no hall dos fumantes.

Na segunda oportunidade, desta vez sem água, respondeu educadamente e imagina ter ficado da cor da pantera cor-de-rosa. Ele percebeu, ela nem ligou.

"...patiently wainting, un-calculating. Golden the pony boy. Flying wheels and couloured reels..."

domingo, 24 de agosto de 2008

. para recordar .

Depois de negar tantos pedidos tinha chegado a hora de ceder, mas naquela tarde o vento não estava a seu favor e sua chance foi lançada no ar. Desistiu com a mesma facilidade que tentou e decidiu ir em busca de novas descobertas. Sem querer e por querer deu de cara com o passado. Um passado bonito, não muito distante e bem engraçado.

Aquela era a típica situação que não existia saída, de longe se via que nenhum dos dois se negaria a uma aproximação, entre copos e copos de bebidas a conversa fluia e para ele, sua diversão era transformar aquele que a deixou para trás em piadas sarcásticas fazendo ela rir de sua própria desgraça. Não foi necessário mais do que uma dança para que os rostos já estivessem sem donos somados com inúmeras provocações manjadas e mãos que delineavam ambos os corpos. 

Eles recordaram o passado vivendo o presente, sem pensar o que espera o futuro.  No final, riram.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

. convite .

Começou enquanto ela bebia uma pinga de vinho sem gelo e ele estava parado olhando-a. A noite terminou com um 'até breve' e recomeçou com mensagens engraçadas e ligações perdidas. Foi um tal de marca-desmarca que ela acabou apagando da sua memória a possibilidade de revê-lo. 
Uma ligação inesperada, fez com que a noite desta vez terminasse com um 'até logo', porque os dois chegaram a conclusão de que o  'até breve' tinha demorado um pouco mais que o esperado. Foram beijos sequenciais, perguntas para gerar assunto, piadas sarcasticas, varios pedidos de desculpas sem motivo real, frio na barriga, vontade de não ir embora e um convite de 'até logo'!

quarta-feira, 30 de julho de 2008

. sinceras palavras .

 Tudo é tão intenso que te prende e faz com que ignore o mundo ao seu redor. Esta cegueira não passa em branco, todos reparam e sentem com a mesma intensidade o desastre do fato de ser muito intenso. Esperamos que o final seja feliz, mas se não for, estaremos lá para compensar a dor e começar de novo. Não será a primeira, nem a última... O importante é que sempre temos assunto para uma noite toda, sem precisar fazer juras de amor, declarações públicas e mostrar afetos inexistentes. Falamos do bem e do mal, sem hipocrisias. Acreditamos na felicidade alheia de forma sensata. 

"Que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure..."
 Vinícius de Moraes 

quarta-feira, 23 de julho de 2008

. triagem .

Uma moça de poucas palavras pede seu documento e endereço, outra já simpática te dá uma senha e uma risada, uma mal-humorada pinica seu dedo e a falante mede e anota seus batimentos. A sua senha pisca e indica a sala escolhida. Anda alguns metros e chega a sala da moça que é muito mais falante que a última e que consegue fazer mais perguntas do que sua mãe e suas amigas em dia de sessão fofoca juntas! Ela te libera, com um novo papel e indica uma nova localização. No final do corredor dá de cara com mais uma moça, esta de meias palavras e com cara de cansada. Você aguarda, vota, assina e espera até sua última chamada. Deita e aguarda o moço de branco, nisso repara ao redor e vê toda aquela gente meio sorridente, meio pálida. Ele fala bom-dia, faz algumas perguntas, te amarra e te fura! Você fica ali deitada e nesta hora pode ficar até meio pálida, mas mesmo assim se sente bem, porque no final você se doa!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

. ócio criativo .

Gasta horas e mais horas do seu dia pensando. O ato de pensar e pensar te deixa em um estado tão paranóico que sua imaginação vai além da realidade. Um turbilhão de idéias te perseguem a tarde toda e o seu café serve como criador de idéias mirabolantes, sendo que nenhuma delas fazem parte do seu trabalho. Neste estágio você pouco se importa com o mundo ao seu redor, pois afinal de contas sonhar com a possibilidade do inexistente é algo muito mais atrativo. Cria frases, monta diálogos e tem todas as respostas na ponta da língua...esta quase ao ponto de treiná-las na frente do espelho para que tudo de certo quando chegar a hora, mesmo sabendo que esta hora pode ser algo que nunca chegue. Sente uma sensação de felicidade pelo simples fato de imaginar cenas, ri sozinha e não vê a hora do dia acabar para poder pensar sem a interrupção de pessoas que não foram convidadas ao seu pensamento. 

E assim acaba mais uma longa segunda-feira de inverno ensolarada...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

. feita com o coração .

Cada pedacinho era de uma cor, sem ter uma combinação muito perfeita, seus olhos eram amendoados, tinha bochechas rosadas e sapatos empoeirados. Vivia sempre parada no canto daquela sala a espera daquela que poderia transformar o irreal em real. Acreditava que um dia poderia expressar todas aquelas lágrimas enxugadas pelas fibras do tecido rasgado e falar as palavras escondidas entre as entrelinhas da costureira.

O sonho da boneca de pano era ter seu cabelo penteado, seus remendos remendados e alguém para agarrá-la até que seu vestido de algodão colorido ficasse amarrotado. 

Por causa de uma montagem mal feita, ela era única. 

quinta-feira, 10 de julho de 2008

. sabor chocolate .

No horário marcado, ele se encontrava encostado no carro da cor "gosto de chamar a atenção", enquanto ela descia as escadas rindo. Ele veio em sua direção e roubou-lhe um beijo. Ela sentiu um frio na barriga que a fez recordar do tempo de adolescente a beira de um surto de paixonite. No carro, sua música predileta, um presente escondido no porta-luvas e muitas risadas. Conversas bestas, muitas perguntas sem pé nem cabeça e uma estranha sensação devido a mistura de sentimentos indefinidos. A comparação foi inevitável a cada palavra, olhar, brincadeira, beijos no canto da boca, carinhos na barriga... enquanto ela tagarelava sobre o que viesse na cabeça pensava também como poderia ser tão igual o que era diferente.

Ela, sonhou a noite. Ele, teve insônia.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

. bom e velho flerte .

No meio de uma mistura de altos, baixos, loiros, cabeludos, desleixados, bombados, engomados, gordos e magros, ela o encontrou. Como quem não quisesse nada, ela olhava para os outros a sua procura e sempre estava a espera de um único olhar, o dele. De mulher boba, não tinha nada, resolveu na primeira oportunidade dar um empurrão no seu destino, entre uma de suas idas ao bar, pediu licença colocando a mão no seu ombro e ele reparou. Foi aí que tudo ficou claramente descarado, olhares que diziam mais do que palavras, sorrisos forçados para chamar a atenção de quem estivesse ao alcance e um charme misturado com vontade de querer jamais vistos e sentidos antes. 
Então ele falou: eu sou aquele que te olhava. Ela por sua vez, riu e disse em um tom sarcástico: Sério, nem havia percebido!

Foi ai que ela descobriu que ele ja havia reparado muito antes, mas ela que não havia notado, velho truque do destino que já havia sido empurrado. 

sexta-feira, 27 de junho de 2008

. licença .

Ele a viu e não falou nada e ela o viu e fingiu não ter visto.

Depois de saber sobre os burburinhos que passavam de boca em boca sobre a sua vida, ela preferiu calar-se. Quem diria que um simples olhar e meia dúzia de palavras poderiam surtir tanto efeito na vida daquelas pessoas. Como se ninguém quisesse tudo já fazia parte de um ciclo vicioso para saber da vida alheia. Invadiram sem ao menos pedir licença.

No hall se encontraram, mas ela insistiu em não olhar, ele por um instante a viu e a aguardou na entrada do elevador, com um destino único, a saída de uma duradoura segunda-feira calada.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

. o dia . após . o dia .

Ela o conheceu no hall dos fumantes, antes ja havia reparado o jeito como falava e para onde olhava, mas foi em uma destas festas de final de ano que ela realmente foi apresentada. No dia seguinte o hall dos fumantes deu chance a um novo encontro. Primeiro vieram troca de olhares e depois um olá tímido e mais meia dúzia de palavras que hoje ela nem lembra mais....

Depois de alguns meses ela o encontrou de novo, mas desta vez em um outro hall. Ele então perguntou "você não vai ficar lá?" e ela mudando seu próprio tom de voz respondeu: "não, agora fico aqui!" e com suspiro de ambos foi o fim de um diálogo com sorrisos de adeus. Apesar de sentir um aperto no coração com tal fim, ela seguiu em frente, como se o frio na barriga que havia sentido não fosse real... 

Por coincidência do tempo, um dia qualquer eles se encontraram novamente e ele simulou um Bom Dia com os olhos e um sorriso perfeito, ela por sua vez conseguiu se sentir idiota quando fez uma espécie de oi-tchau com a mão. Neste mesmo dia, agora, por coincidência do destino, ela foi almoçar com uns amigos e ele foi junto. Entre risadas, conversas e perguntas engraçadas foi um dos melhores almoços de sua vida, apesar de não ter quase tocado na comida.

Esse foi o dia em que ela entrou no carro ligou o som no alto e sorriu diante de todo o caos cotidiano de sua vida, pois tinha certeza que tudo era real, um pouco enfeitado pela sua mente, mas ainda sim, com algum fundamento. 

. . . E assim ela voltou a acreditar naqueles príncipes de contos de fadas, mas sem se preocupar com finais . . .

domingo, 8 de junho de 2008

. enigma .

Procuraremos até não termos mais forças. Não é algo que achamos em toda esquina, muito menos na fila de um bar. É algo que apesar da imensa vontade de encontrar é quase impossível escolher. As vezes, quando nos damos conta já esta dentro de nós, como quem não quer nada. Conforme o tempo passa descobrimos que é impossível de viver sem. E se não temos, sobra um vazio.

Acreditamos que nunca será completo se não for correspondido... 

segunda-feira, 2 de junho de 2008

. atrás do tempo .

Um dia ela acordou e percebeu que boa parte de sua vida não tinha mais sentido, que todos os sonhos de infância não chegaram nem aos pés da realidade, que na sua vida não havia mais tempo para brincadeiras e nem ao menos risadas sinceras. Conheceu palavras que de fato nunca fizeram parte do seu vocabulário e muito menos sentido, aprendeu outras línguas e estudou o suficiente para um dia alguém se orgulhar. Chorou por várias noites sem saber o motivo e em uma dessas decidiu comer o primeiro chocolate de muitos que estavam a sua frente, arrependida, sabia que era algo que não tinha mais volta. Não falava muito, ria demasiadamente, chegou uma vez a pensar que talvez estivesse louca. Quando entrou em desespero, pegou uma folha em branco e começou a escrever todos seus sonhos, nessa brincadeira, o tempo passou e ela levou quase uma vida toda para perceber que não sabia mais o que era sonhar.