sexta-feira, 27 de junho de 2008

. licença .

Ele a viu e não falou nada e ela o viu e fingiu não ter visto.

Depois de saber sobre os burburinhos que passavam de boca em boca sobre a sua vida, ela preferiu calar-se. Quem diria que um simples olhar e meia dúzia de palavras poderiam surtir tanto efeito na vida daquelas pessoas. Como se ninguém quisesse tudo já fazia parte de um ciclo vicioso para saber da vida alheia. Invadiram sem ao menos pedir licença.

No hall se encontraram, mas ela insistiu em não olhar, ele por um instante a viu e a aguardou na entrada do elevador, com um destino único, a saída de uma duradoura segunda-feira calada.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

. o dia . após . o dia .

Ela o conheceu no hall dos fumantes, antes ja havia reparado o jeito como falava e para onde olhava, mas foi em uma destas festas de final de ano que ela realmente foi apresentada. No dia seguinte o hall dos fumantes deu chance a um novo encontro. Primeiro vieram troca de olhares e depois um olá tímido e mais meia dúzia de palavras que hoje ela nem lembra mais....

Depois de alguns meses ela o encontrou de novo, mas desta vez em um outro hall. Ele então perguntou "você não vai ficar lá?" e ela mudando seu próprio tom de voz respondeu: "não, agora fico aqui!" e com suspiro de ambos foi o fim de um diálogo com sorrisos de adeus. Apesar de sentir um aperto no coração com tal fim, ela seguiu em frente, como se o frio na barriga que havia sentido não fosse real... 

Por coincidência do tempo, um dia qualquer eles se encontraram novamente e ele simulou um Bom Dia com os olhos e um sorriso perfeito, ela por sua vez conseguiu se sentir idiota quando fez uma espécie de oi-tchau com a mão. Neste mesmo dia, agora, por coincidência do destino, ela foi almoçar com uns amigos e ele foi junto. Entre risadas, conversas e perguntas engraçadas foi um dos melhores almoços de sua vida, apesar de não ter quase tocado na comida.

Esse foi o dia em que ela entrou no carro ligou o som no alto e sorriu diante de todo o caos cotidiano de sua vida, pois tinha certeza que tudo era real, um pouco enfeitado pela sua mente, mas ainda sim, com algum fundamento. 

. . . E assim ela voltou a acreditar naqueles príncipes de contos de fadas, mas sem se preocupar com finais . . .

domingo, 8 de junho de 2008

. enigma .

Procuraremos até não termos mais forças. Não é algo que achamos em toda esquina, muito menos na fila de um bar. É algo que apesar da imensa vontade de encontrar é quase impossível escolher. As vezes, quando nos damos conta já esta dentro de nós, como quem não quer nada. Conforme o tempo passa descobrimos que é impossível de viver sem. E se não temos, sobra um vazio.

Acreditamos que nunca será completo se não for correspondido... 

segunda-feira, 2 de junho de 2008

. atrás do tempo .

Um dia ela acordou e percebeu que boa parte de sua vida não tinha mais sentido, que todos os sonhos de infância não chegaram nem aos pés da realidade, que na sua vida não havia mais tempo para brincadeiras e nem ao menos risadas sinceras. Conheceu palavras que de fato nunca fizeram parte do seu vocabulário e muito menos sentido, aprendeu outras línguas e estudou o suficiente para um dia alguém se orgulhar. Chorou por várias noites sem saber o motivo e em uma dessas decidiu comer o primeiro chocolate de muitos que estavam a sua frente, arrependida, sabia que era algo que não tinha mais volta. Não falava muito, ria demasiadamente, chegou uma vez a pensar que talvez estivesse louca. Quando entrou em desespero, pegou uma folha em branco e começou a escrever todos seus sonhos, nessa brincadeira, o tempo passou e ela levou quase uma vida toda para perceber que não sabia mais o que era sonhar.